Antônio Carlos Gomes da Costa: há dez anos o Brasil perdia
um dos principais pensadores da história recente do paí
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Slides sobre o pensamento e a vida de Antônio Carlos e print do encontro “Casos e Causas de Antônio Carlos".


Ao longo do mês de março, o Instituto Aliança (IA) celebrou o legado e homenageou seu grande mentor Antônio Carlos Gomes da Costa (ACGC), que faleceu há dez anos, no dia 4 de março de 2011, em Belo Horizonte. Um dos mais importantes pedagogos brasileiros e referencial conceitual do Instituto Aliança, foi um pensador social com papel fundamental na história do Instituto e de todo o Terceiro Setor brasileiro. Como poucos, marcou a vida e a carreira de profissionais da educação e a trajetória de organizações.

A própria criação do Instituto Aliança foi inspirada por suas ideias inovadoras, como explica a diretora Adenil Vieira: “Antônio ajudou a conceber e orientou o Instituto Aliança por vários anos, como conselheiro e amigo da equipe fundadora. Seus princípios e valores até hoje nos mantêm fiéis ao propósito de desenvolver o potencial das juventudes brasileiras. Passados 10 anos, ele continua vivo através do seu legado intelectual, conceitual, metodológico, pedagógico, que permanece presente na nossa alma e no DNA da nossa instituição. Onde quer que ele esteja, para sempre nos acompanhará”.

Card de um dos seus livros, "Protagonismo juvenil", em coautoria com Adenil Vieira. Protagonismo Juvenil: jovem como solução, na centralidade da ação pedagógica.

Postagens no Instagram do Instituto Aliança, homenageando o mestre.


Coordenador da equipe de redação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Antônio Carlos Gomes da Costa é considerado um dos principais mestres e pensadores sociais da história recente do país. Vale salientar que o ECA, que em 2020 completou 30 anos, é, até hoje, considerado uma das legislações para infância e juventude mais avançadas do mundo. Antônio Carlos foi pedagogo, consultor, escritor e se dedicou à causa dos direitos de crianças e adolescentes desde o início da década de 1980. Foi membro do Comitê Internacional dos Direitos Humanos (Genebra) e do Instituto Interamericano da Criança (Montevidéu). Também foi consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).  

Trabalhou, ainda, como diretor da Unidade da Febem Barão de Camargos, em Minas Gerais, e foi secretário de Educação de Belo Horizonte. Colaborou também na elaboração da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. Em 1998, ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos. Quando faleceu, era diretor-presidente da Modus Faciendi, uma consultoria que prestava serviços a diversas instituições do Terceiro Setor, entre elas a Fundação Telefônica, o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Odebrecht.

“Antônio Carlos, sem dúvida, foi a maior influência teórico-metodológica de toda a nossa geração de Terceiro Setor. Na sua intransigente defesa dos direitos da criança, trouxe o ‘possível’, não somente o ‘desejável’, ao trabalhar com o Protagonismo e com a visão do jovem como fonte, como parte da solução, como bônus”, afirmou a coordenadora regional do Instituto Aliança no Ceará, Eveline Corrêa.



 

Card do emocionante  Encontro “Casos e Causas de Antônio Carlos Gomes da Costa”.


 

Anna Penido, uma das palestrantes do Encontro, faz um balanço do legado de ACGC.


 

Alfredo Gomes da Costa, palestrante e irmão de Antônio Carlos, fala sobre o legado pedagógico do irmão.


 

Paulo Emílio da Costa Andrade, hoje o dDiretor do Instituto Iungo, palestrante do Encontro, fala da pedagogia da presença.


Um homem à frente do seu tempo -  Autor de dezenas de artigos e livros publicados no Brasil e no exterior sobre atendimento, promoção e defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, Antônio Carlos Gomes da Costa influenciou - e influencia ainda hoje - diversas organizações públicas e do Terceiro Setor com suas reflexões e experiências. Conceitos por ele sistematizados, como o protagonismo juvenil, a pedagogia da presença e as competências pessoais, sociais, cognitivas e produtivas, seguem contribuindo para mudar o olhar da sociedade a respeito do jovem.

Seu irmão, Alfredo Gomes da Costa, comenta o interesse ímpar de Antônio Carlos por conceber e compartilhar conhecimentos, metodologias e ferramentas educativas, sem vaidades. “O currículo acadêmico dele era ‘só’ graduação em pedagogia, mas ele tinha título de notório saber pela USP, era convidado também para ministrar palestras dirigidas a mestres e doutores, sem se importar com questões vinculadas à titulação acadêmica. Ele era, literalmente, um educador da práxis: não abria mão de pensar a prática e praticar o pensamento”, relembra. 



 

Neylar Vilar Lins, uma das fundadoras do IA, lembra que Antônio foi um homem além do seu tempo. "Foi não só um grande educador e humanista, mas um estadista e estrategista.”


 

Anna Penido: seus conceitos continuam atuais e presentes no panorama da educação brasileira.


 

Graça Gadelha traz a contribuição de Antônio Carlos como coordenador da redação do ECA.


 

Paulo Emílio de Castro Andrade conta como conheceu Antônio e a influência do seu exemplo na sua escolha profissional.


Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, fazendo um balanço destes 10 anos do seu legado, acrescenta: “Antônio Carlos ressignificou a visão de políticas públicas e de terceiro setor voltadas à infância e juventude, trazendo um novo e mais avançado paradigma. O homem é uma carta ao seu tempo e ele foi, sem dúvida, uma das melhores cartas que o Brasil recebeu ao fazer de sua vida e de sua obra uma inspiração e um legado de conhecimento extraordinário que frutifica através do tempo e do espaço”.

De fato, Antônio Carlos marcou vidas e mudou o rumo de muitas organizações do Terceiro Setor. Segundo Adenil Vieira, que é coautora do livro “Protagonismo juvenil”, seus ensinamentos continuam presentes como forte influência teórico-metodológica na defesa dos direitos da criança e do adolescente. “Passados 10 anos, o legado de Antônio Carlos Gomes da Costa continua vivo na prática das organizações sociais que trabalham com crianças, adolescentes e jovens. Através do que ele chamava de 'filhos pedagógicos', pois não teve filhos biológicos, influenciou toda uma geração de educadores com a sua Pedagogia da Presença e conceitos como protagonismo, projeto de vida e desenvolvimento pessoal e social”, reforçou Adenil.

Para Anna Penido, especialista em educação, a contribuição dele para a revisão de práticas pedagógicas e de ambientes de aprendizagem criadas para as juventudes foi fundamental. Ela recorda que o educador se destacou por colaborar com a sistematização de conceitos que mudaram a visão da sociedade e transformaram políticas públicas. “Antônio Carlos nos fez perceber e acreditar que jovem não é problema, mas solução, e nos ajudou a desenhar metodologias e programas centrados no empoderamento da juventude como agente de mudanças no âmbito pessoal e social”, afirma a especialista.

“O Brasil perdeu um dos seus maiores educadores, missionários e sonhadores do campo social. Nós, seus amigos, admiradores, aprendizes, seguidores, leitores mantemos ele vivo em nossas práticas educativas e na defesa e promoção dos direitos das crianças e adolescentes do Brasil. Antônio Carlos, alma generosa, mente brilhante, coração carinhoso, trabalhador incansável, mestre da pedagogia da presença, inspirador de centenas de organizações e de milhares de educadores, líderes, crianças e jovens saiu do ‘palco da vida’ como protagonista, pois  sua obra seguiu  orientando gerações”, conclui, emocionada, uma das fundadoras e atualmente consultora do Instituto Aliança, Neylar Vilar Lins.

Homenagens - Em março, o Instituto Aliança e organizações do Terceiro Setor homenagearam, por meio de eventos virtuais e postagens nas redes sociais, o grande mestre. Entre essas homenagens, a realização de um emocionante encontro no dia 31 de março sobre o seu legado, “Casos e Causas de Antônio Carlos Gomes da Costa”, com 100 participantes, tendo como palestrantes Anna Penido, Paulo Andrade, Alfredo Gomes da Costa e Graça Gadelha e a mediação de Neylar Vilar Lins. Como conclui Anna Penido na sua fala no encontro,  “Antônio Carlos está vivo aqui e em tudo que a agente faz e aprendeu com ele. Plantou sementes tão  profundas que continuam germinando para além da sua presença”. Marcia Campos, diretora do IA, que fez a fala de encerramento do evento, conclui:  “Assim era Antônio – atuando no presente e semeando princípios e bases para nos guiar no futuro”.




Alfredo Gomes da Costa trazendo aspectos do legado de Antônio Carlos, entre eles o conceito de presença educativa.

Algumas das obras de Antônio Carlos Gomes da Costa sobre pedagogia da presença e educação para a vida.

Vídeo do encontro "Casos e Causas de Antônio Carlos Gomes da Costa”, emocionante momento de celebração do mestre, ao som de Aquele Abraço, de Gilberto Gil, canção predileta do homenageado.


 
 
 
 

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